Ser ou Existir?



Na semana passada participei num Team Building, aqueles eventos em que se pretende alinhar toda a organização na persecução de resultados e reforçar o espírito de equipa, porque o todo é mais do que a soma de todas as partes, e por essa razão, como peças de um puzzle, todos temos de contribuir para que as metas e resultados possam ser atingidos. 😏

Invariavelmente estes eventos contam sempre com um palestrante motivacional, que pretende abanar e eventualmente acordar algum colaborador que possa andar mais adormecido. 😏

Sobre esse discurso ainda não tenho opinião definida mas gostei de um chavão que utilizou quando relembrou que algumas pessoas apenas existem. 🙄

E é sobre isto que me apetece escrever esta semana. 😊


O que é SER humano? 🙄

O que nos diferencia de uma girafa, de uma galinha, ou até mesmo de algo que nos é mais próximo, como um cão? 🤔

Os animais podem ser mais ou menos inteligentes, ainda assim eles reagem ao seu ambiente com base nos seus instintos e vontade imediata, e tem capacidade de sentir.😶

Sentem (dor, fome, e por aí fora) mas não se questionam (por exemplo, porque existo? Ou, será que há vida depois da morte?), nem têm dilemas morais (por exemplo, o meu gato quando rouba um pedaço de frango de cima do balcão não ponderou um segundo sequer que roubar é um dos pecados mortais). 😏

E, neste sentido, eles apenas existem. 😶

Já SER humano acarreta outra camada de complexidade à simples existência. 🙄

O Ser Humano é autoconsciente. 😶

Ser autoconsciente é esta consciência exclusiva do Ser Humano, como indivíduo separado dos demais.


Adoro fazer caminhadas ao final do dia. 😊

Tenho audiolivros específicos para as caminhadas e, às vezes, ando mais um pouco porque quero saber mais da história. 😏

Na semana passada, um dos personagens de um desses audiolivros, disse a determinada altura: "Não interessa quem somos, o que interessa é que SOMOS". 😶

E deixou-me a pensar… ao ínicio não concordei…. claro que interessa quem somos mas depois percebi  que talvez não tivesse entendido o alcance da frase à primeira. 🤔

Eu estava a pensar em qualidades inerentes ao SER humano, se somos honestos, altruístas, enfim… virtuosos… valores pelos quais podemos reger as nossas decisões.

O personagem, no entanto, apelava a outro tipo de reflexão. 🙄

O que interessa é que SOMOS, no sentido de SER humano, e aqui faz toda a diferença! 😶

Um gato, uma garça, uma aranha não tem as qualidades do Ser Humano….


Quem somos... se somos o Manuel ou a Maria, ou se somos cozinheiros ou cientistas, ou se somos portugueses ou senegaleses… isso interessa menos. 

O que interessa é que SOMOS humanos. 😶


A provocação lançada pelo tal palestrante, no Team Building, foi interessante porque ele exortava a plateia a VIVER e não apenas a EXISTIR. 🙄

Eu prefiro outra versão: SER e não apenas EXISTIR. 😊


E qual é a diferença?

Os animais, de certa forma, apenas existem. 😶

Eles não se questionam, internamente, sobre o que é o certo ou é errado. 🤔

As suas motivações são imediatas e não procuram a transcendência através, por exemplo, de uma vida vivida com propósito. 😶

Já o Ser Humano, ao ter autoconsciência tem escolha. 🙄

Poderá sempre escolher algo que seja contrário à sua vontade mais imediata em nome de um valor superior.


Vou exemplificar, é segunda-feira, está a chover, dormi mal e não me apetece fazer o que tenho para fazer. 

Tenho duas opções: 

- Não faço nada, procrastino. 😶

- A outra opção que tenho, é cumprir a minha responsabilidade, mesmo que não me apeteça, porque o meu propósito é contribuir para o todo de uma organização e, como tal, tenho a obrigação de fazer a minha parte. 🤔


Em ambas as opções poderei dizer que estou a exercitar o meu livre arbítrio? 😶


Fui tentar perceber nos Iluministas e cheguei a Immanuel Kant porque lhe tenha a simpatia de ele ser o referencial de pensamento na génese da Organização das Nações Unidas e a minha área de formação é Relações Internacionais. 

Kant distingue o arbítrio humano do arbítrio animal, em que este último que é determinável pela inclinação, prazer prático, enfim o apetite habitual, no fundo o prazer (ou desprazer) que me causa sentimentos e dita as minhas decisões. 😶

Já o arbítrio humano pode ser afetado, mas não determinado pelos impulsos, já que o Ser Humano não é apenas um ser que sente, o Ser Humano é um ser que pensa e que faz escolhas. 

Se essas escolhas obedecerem a uma lei (moral), tendo o Ser Humano criado essa lei pela qual se orienta e segue, então já não é escravo dos seus instintos, necessidades e apetites. 

Então praticar o livre arbítrio é exclusivo do Ser Humano e só obedecendo a uma Lei (humana) é verdadeiramente livre, ainda que aja contra o seu próprio "apetite". 🙄


Voltando ao exemplo da triste segunda-feira, cinzenta. 

Se optar por seguir o meu próprio interesse e procrastinar, estou a seguir o meu apetite de não fazer nada, a exercer o meu arbítrio animal. 🙄

Só existo.😶


Já se me dedicar a fazer o meu trabalho, seguindo uma lei moral (neste caso, ética profissional) estou a exercer a minha liberdade, ou o meu livre-arbítrio. 🙄

E aqui, e só aqui, verdadeiramente SOU (Humano). 😊



E tu? 

ÉS?

Ou só EXISTES?




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