Those were the days?!



Na minha última aula de inglês, a professora lançou uma questão à turma: Se alguém era daquelas pessoas que diziam amiúde "those were the happy days", no sentido de que antigamente é que era bom, ou seja, ser alguém saudosista, nostálgica. 🤔

Sempre fui muito esperançosa no futuro. 🙄

E sinto sempre que o momento de vida que estou a viver é o melhor. 😏

Já escrevi sobre como sou otimista por convicção, porque mesmo perante circunstâncias de vida desafiadoras, em que a mente fica mais inquieta, nunca deixo de acreditar que o momento de vida que estou a viver é o melhor. 😊

Para mim ser saudosista é acreditar que no passado era mais feliz, ou que vivia melhor. 🤔

E quando penso em alguém saudosista, penso no meu pai. 🙄

O meu pai (que eu amo e admiro profundamente) fico órfão antes dos dois anos de idade. 😐

O corpo sem vida do seu pai, coberto por uma manta, é a única recordação que ele tem do meu avô. 

Quando o meu avô morreu, a minha avó foi obrigada a ir trabalhar na salga do bacalhau. 

As lembranças que o meu pai tem da infância é estar sentado à soleira da porta, à espera da mãe, a roer um pedaço de pão duro. 😐

Começou a trabalhar aos 8 anos, contando muita vez, como foi responsável por levar uma grande escada às costas, a pé, de uma localidade para a outra, trabalho que segundo ele, levou um dia inteiro. 😐

Hoje em dia o meu pai tem 76 anos, continua a trabalhar e na sua vida tem muitas coisas boas. 

Muitas vezes pergunto-me como pode ele achar que antigamente é que era bom, tendo vivido uma vida tão difícil? 🤔

Concluo sempre da mesma forma, cada pessoa tem as suas crenças, independentemente das experiências que vive. 

O meu pai é um pessimista por natureza e, eu, talvez por ter discutido com ele tantas vezes na minha vida, querendo que ele visse as coisas de outra forma, tornei-me uma otimista, por natureza, ou otimista por oposição ao pessimismo dele. 😏

Mas entendo que tenha tido mais do que muitas razões para se tornar pessimista. 🙄

Eu e o meu pai somos parecidos numa coisa: somos teimosos nas nossas crenças. 😊


Esta semana, no canal história estava a dar um programa sobre a Carta Magna, assinada pelo Rei de Inglaterra, em 1215, e que garantia certas limitações do poder do rei em relação aos nobres ingleses, por isso é considerada como a base das liberdades inglesas. 

Apesar de ser considerado precursor dos Direitos Humanos, a Carta Magna, não libertou o povo. 😐

Nos campos, o povo era servo de um nobre, nas cidades, o povo podia fazer parte de uma guilda, uma espécie de associação de artesãos, que regulava toda a sua atividade. 

Em ambas as situações, essas pessoas não tinham liberdade de se movimentar, do campo para a cidade, nem de cidade para cidade e tinham que pagar ao nobre, ou à guilda. (E as pessoas que não pertenciam nem a um lado, nem ao outro, eram ainda mais desgraçadas.)

Isto foi mais ou mesmo assim até à altura do iluminismo e da revolução industrial que levou a importantes alterações políticas que culminaram na Revolução Francesa. Aliás, o aumento de produção com liberdade económica sem a intervenção do Estado, permitiu que as pessoas se pudessem movimentar livremente e interagir, inovar, expandir mercados e houve um aumento da qualidade de vida. 

Nessa altura, as crianças ainda trabalhavam e a colonização e tráfico de escravos atinge o seu apogeu. 🤔

Mesmo após a revolução francesa e consequente universalização dos direitos sociais e das liberdades individuais, Olympe de Gouges, mulher que escreveu a declaração do direito das mulheres e das cidadãs, em 1791, lutando pela equiparação entre homens e mulheres e contra a escravidão humana nas colónias francesas, acabou por perecer na guilhotina. 

Pensei:

Que sorte ter nascido em Portugal! 😊

Que sorte ter nascido em Democracia! 😊


Este programa fez-me querer saber mais sobre os filósofos iluministas e cheguei até Rousseau porque ele acreditava que o homem natural é bom (ainda que o homem integrante de uma sociedade já não seja bem assim) mas enfim…. Para uma otimista, o facto de Rousseau acreditar que o homem é bom, foi o argumento suficiente para querer começar por ele.

Deu-me o ímpeto para saber mais sobre a sua obra "O Emílio, ou da Educação" que introduziu a ideia, pela primeira vez, que uma criança é um ser com características próprias e que não podia ser visto como um adulto, defendendo que o verdadeiro objetivo da educação era ensinar a criança a viver e a exercer a sua liberdade. 


O que é ser livre? 🤔

Rousseau acreditava que só uma pessoa virtuosa é verdadeiramente livre porque, virtuosa é a pessoa que sabe dominar as suas afeições, segue a sua consciência, faz o seu dever, mantém-se dentro da ordem e não se afasta dela. 

Rosseau afirma "Até aqui não eras livre senão aparentemente; não tinhas senão a liberdade precária de um escravo a quem não se tivesse nada determinado. Sê agora livre efetivamente; aprende a te tornares teu próprio senhor; manda em teu coração, Emílio, e serás virtuoso" isto porque Rousseau defendia que a pessoa é boa, mas só permanece boa enquanto tem prazer em ser boa e que esta bondade desaparece com as paixões humanas, porque para qualquer pessoa, somente é bom, o que é bom apenas para si. 


Está explicado por tem uma frase do estoico Séneca na primeira página do livro! 😏

Rousseau tem ideias muito parecidas. 

Então chego à conclusão, que apesar do que me levou a olhar para este livro ter sido um conjunto de acasos, a minha escolha parece condicionada. 

Lá fui parar aos estoicos novamente. 😃


Serei livre? 🙄


E tu? 

Sentes que és livre? 

És saudosista? 

Esperançoso no futuro?



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Comentários

  1. Quando dizemos que antigamente é que era bom acho que temos saudades de tempos mais simples.

    Suspeito que este pensamento não deve ser moderno. Talvez há 500 anos já alguém dizia que "antigamente é que era bom".

    Isto leva-me a crer que ao invocarmos esse pensamento trasportamo-nos para uma altura em que tínhamos menos 20 anos e naturalmente víamos as coisas de maneira mais simples.

    Quanto à pergunta se somos livres, da mesma forma que foste parar aos estóicos sem fazeres qualquer esforço, acredito que todos estamos presos ao que a nos aparece na consciência num dado momento.

    Eu não escolhi vir aqui ao blog. Essa ideia apareceu-me na cabeça e aqui estou. Dou ênfase na palavra "apareceu-me".

    Até para a semana.

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    1. Concordo contigo e até acredito que o primeiro saudosista data dos primórdios da existência humana, talvez até assumindo que comer carne de dinossauro é que era bom :D Quanto à consciência, é uma honra ir aparecendo na tua, como é também ler os comentários que fazes no blog. Proporcionam boas conversas existenciais.

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